Paulo Mancio: Me inspira no grande aspecto arquitetônico, mas também, porque há uma conjunção histórica cultural muito forte. O Rio de Janeiro foi capital do Brasil, importantíssima, e sua narrativa se funde amplamente com a história do nosso País e seus personagens: o governo de Juscelino Kubitschek, a vida de Getúlio Vargas, (recentemente transformada em obra literária e audiovisual), Assis Chateaubriand, em fases que foram vividas pelos palácios e becos do Rio e, claro, as obras e as experiências reais de Niemeyer, considerado até os dias de hoje o arquiteto do século do Rio. Esta cidade traz à tona minhas raízes e amor por projetar e construir, com o olhar voltado a humanidade, onde minha ferramenta é a arquitetura. O momento é de superação, em todos os sentidos. Sobre os projetos, um deles é muito marcante: a criação do novo conceito IBIS. É a primeira vez que a Accor cria um conceito mundial do IBIS fora da França. Desenvolvido pelo escritório brasileiro FGMF Arquitetos, que realiza obras no Rio de Janeiro, em São Paulo e em diversos outros lugares. Nessa parceria, a inspiração veio do encontro de vidas, tribos, núcleos iguais e excêntricos que o Rio proporciona. Este conceito torna nossos hotéis muito mais flexíveis, inteligentes e receptivos, sem delimitar padrões, envolvendo ambientes como restaurante, bar, lobby e recepção, todos conectados, promovendo as melhores experiências aos clientes. Temos, agora, a inauguração de um projeto que ficou tão bom, que a Accor global já está utilizando em Portugal. Há também, um estudo para aplicá-lo em Moscou, na Rússia. Um outro projeto interessantíssimo é o Fairmont Rio de Janeiro Copacabana, que inaugura no segundo semestre de 2019 um empreendimento icônico da Accor, da conjunção do proprietário AccorInvest, e da operadora Accor, da qual faço parte. Inspiração que nós tivemos junto da arquiteta brasileira Patrícia Anastassiadis, trazendo o calçadão de Copacabana para dentro do hotel. Ele é lindíssimo, luxuoso e muito sofisticado, anexado à paisagem, ponto forte característico do Rio, e dessa sua democracia.

Paulo Mancio: Existem dois grandes caminhos para se trilhar no futuro da arquitetura: o caminho da inteligência artificial, que vai dispor à sociedade incontáveis soluções para suas demandas, inclusive as de hospitality, gastronomia, dentre outras. O segundo, e grande caminho do qual eu sou especialmente partidário, é o da customização em prol da humanidade, no que tange às nuances que só as emoções podem produzir. Esse expoente da arquitetura é o que eu chamo de convergente, que se dá, especificamente para aquela pessoa, para aquele público, com características que só nós seres humanos sabemos combinar. A cada dia, a arquitetura voltada à humanidade se tornará mais acessível. É, e sempre será inspirada em grandes talentos do nosso setor, nas emoções dos nossos clientes, na cultura das pessoas, na música, gastronomia, no clima onde ela está sendo implantada e no sentido da vida.